Sem armas, esta profissão doma a força; sem força arrosta a violência; sem violência reduz o fausto e a prepotência à modéstia e ao temor.
A pobreza a procura como o seu asilo, a riqueza como o seu apoio, a honra como a sua luz, a reputação como a sua égide, a própria vida como meio de conservação.
A justiça a venera como um dos instrumentos dos seus oráculos; a eloquência tem-na como filha predileta; a virtude é especialmente o seu motivo e a sua recompensa; a ciência lhe serve de regra e de guia, e a fama amplifica o esplendor dos seus secessos e da sua glória.
Ela comove os indiferentes, conforta os fracos, detém os poderosos; e, se todos a admiram, os juízes a estimam, a protegem e a amam.
Enfim, atrair sem constrangimento, conquistar sem império, sucumbir sem opróbrio e triunfar sem vaidade e sem orgulho, aí tendes as suas características; prosperar sem espoliações, acreditar-se sem cabala, elevar-se sem favor, manter-se sem baixeza, envelhecer sem corrupção, eis as suas vantagens: ter alegrias puras, glórias sem mácula, reputação sem reticência, mérito sem inveja, nisto a sua felicidade, em tudo isto a sua perfeição.
Texto de Claude-Philibert Fiot de La Marche, primeiro presidente do parlamento de Bourgogne, reproduzido pelo grande advogado e estadista da Itália nova, Giuseppe Zanardelli, como síntese dos discursos memoráveis que proferiu como chefe da Ordem dos Advogados Italianos. Fonte: Revista IAMG, 1999; n.5 p.287-290
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